Suturas Descontínuas Parte II

Suturas Descontínuas

A sutura descontínua, também conhecida como sutura interrompida, é um método de sutura onde o fio é passado através dos tecidos em intervalos regulares e é amarrado separadamente em cada ponto.

Este tipo de sutura é frequentemente utilizado em cirurgias onde é necessário um controle mais preciso da tensão dos tecidos ou onde há necessidade de minimizar o risco de rompimento da sutura em caso de falha em um dos pontos.

Além disso, a sutura descontínua pode ser útil em casos onde é necessário ajustar a tensão dos tecidos de forma individual em diferentes partes da incisão.

Em resumo, a sutura descontínua serve para fornecer uma técnica de sutura mais precisa e controlada em determinadas situações cirúrgicas.

É crucial considerar as demandas específicas da cirurgia e do tecido em questão. Vários elementos entram em jogo, como a necessidade de aproximação precisa, sustentação adequada, controle de tensão, hemostasia eficaz e a estética da cicatriz resultante.

Na sutura descontínua, cada ponto é fixado individualmente, permitindo ajustes de tensão conforme necessário. Isso promove uma ferida mais permeável, facilitando a drenagem de secreções e reduzindo a presença de corpos estranhos.

Embora demande mais tempo, é menos propenso a causar isquemia, e a falha de um ponto não compromete a integridade geral da sutura.

Fundamentos

  1. A sutura ideal é aquela que busca a harmonia entre ajuste anatômico, funcionalidade e beleza estética.
  2. Aproximar as bordas do tecido com delicadeza, em um ambiente livre de infecções e corpos estranhos, é a base para uma cicatrização impecável.
  3. Escolher entre pinças com ou sem dentes é crucial, sendo as sem dentes ideais para tecidos delicados, como vasos sanguíneos, e as com dentes preferíveis em tecidos mais resistentes, como a pele.
  4. Dominar a rotação da mão, da pronação para a supinação, ao manipular a agulha com o porta-agulhas é essencial para o sucesso da sutura.
  5. Garantir que a quantidade de tecido em relação à distância das bordas e à profundidade seja proporcional em ambos os lados é fundamental.
  6. Utilizar a pinça para inverter a borda da ferida auxilia na precisão ao inserir a agulha, tornando o processo de sutura mais suave.
  7. Ajustar a tensão do nó com precisão é essencial para garantir a correta aproximação das bordas, sem excesso de pressão ou frouxidão.
  8. Posicionar o nó na borda distal da ferida, longe do leito, é uma prática recomendada para evitar interferências na cicatrização.
  9. Qualquer excesso de fio após a confecção dos três nós deve ser removido com precisão usando uma tesoura ou bisturi, garantindo um acabamento satisfatório.

U Vertical - Donatti

Utilizado na derme em conjunto com o tecido subcutâneo, este método consiste em duas perfurações: uma transpassa a pele a 2 mm da margem, enquanto a outra penetra mais profundamente, incluindo a camada subcutânea de 7 a 10 mm da borda.

A Sutura U Vertcial, ou Donatti, oferece a vantagem de reduzir a tensão na área da sutura, garantindo ao mesmo tempo a perfeita aproximação das bordas da ferida.

O ponto mais largo é responsável por sustentar a pele, enquanto o ponto menor mantém as bordas alinhadas e impede sua inversão.

Amplamente utilizado na cirurgia geral, especialmente em bordas de feridas propensas a invaginação ou sob tensão. Garante um fechamento completo e preciso das bordas da ferida, com uma leve eversão após a amarração dos nós.

Passo-a-passo:

  1. Com a agulha firmemente fixada ao porta-agulha, insira-a na extremidade mais distal da ferida, indo ainda mais fundo do que os outros tipos de ponto, seguindo a direção de distal para proximal. Utilize uma pinça para segurar a borda da ferida, facilitando a visualização e a passagem da agulha.
  2. Em seguida, passe a agulha na borda mais próxima da ferida, indo ainda mais fundo do que os outros tipos de ponto, tornando o ponto mais profundo.
  3. Após atravessar a borda mais próxima, segure a agulha com o porta-agulha e inverta-a, de modo que agora a direção da sutura seja de proximal para distal.
  4. Faça a passagem da agulha pela borda próxima da ferida, mais próxima do que a anterior, no sentido de proximal para distal.
  5. Termine o ponto ao passar a agulha pela borda menos distal, ainda seguindo a direção de proximal para distal.
  6. A sequência dos pontos fica assim: Mais distante - Mais próxima - Menos próxima - Menos distante, ou seja: "Longe, longe, perto, perto".
  7. Certifique-se de ter uma quantidade adequada de fio para fazer o nó, evitando desperdícios.
  8. Para fazer o nó com o porta-agulha, siga o mesmo procedimento usado nos pontos anteriores, preferencialmente colocando o nó na borda mais distal.

U Horizontal

Configura um quadrado perfeito onde as extremidades da sutura emergem ou pelo mesmo lado ou pela mesma margem da ferida. Assemelha-se a um "U" deitado.

Quando apropriado, causa uma leve eversão das bordas, o que amplia a área de contato e, consequentemente, pode acelerar excessivamente a cicatrização, resultando em uma aparência esteticamente desfavorável.

Esta técnica pode ser empregada em suturas com tensão, com os pontos preferencialmente posicionados afastados da linha de incisão. A agulha deve atravessar a aponeurose ao lado do nó anterior e avançar cerca de 1 a 1,5 cm. Recomenda-se também que as passagens da agulha sejam feitas a distâncias variáveis das bordas para prevenir o estiramento através de uma linha de fraqueza na aponeurose.

Os pontos em formato de "U" são especialmente benéficos em regiões de pele espessa, como mãos e pés.

Passo-a-passo:

  1. Com a agulha firmemente fixada aporta-agulha, insira-a na extremidade mais distante da ferida no sentido de distal para proximal. Use uma pinça para segurar a borda da ferida e facilitar a passagem da agulha, seguindo o mesmo processo de um ponto simples.
  2. Após atravessar a borda distal, segure a agulha com o porta-agulha e fixe-a novamente no instrumento, avançando em direção à borda mais próxima da ferida no sentido de distal para proximal, seguindo o mesmo método de um ponto simples.
  3. Após atravessar a borda proximal, inverta a agulha de modo que a direção da sutura agora seja de proximal para distal.
  4. Finalize a sutura passando a agulha invertida também na região distal, no sentido de proximal para distal.
  5. Certifique-se de deixar uma quantidade adequada de fio para fazer o nó, evitando desperdícios.
  6. Para realizar o nó com o porta-agulha, siga o mesmo procedimento utilizado para um ponto simples, colocando o nó na borda distal sempre que possível.
  7. Corte o excesso de fio com uma tesoura ou bisturi.

 

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Deixe um comentário

  • Eduarda M.

    "Agora eu quero treinar suturas o dia inteirinho! Vocês nāo estāo entendo como é bom treinar nesse simulador! A tensão ajustável faz toda a diferença!"

  • Giovanna P.

    "Nada melhor do que começar o semestre preparada para o módulo de técnicas cirúrgicas S2! Obrigado SutureSkin!!!"

  • Joice C.

    "Achei um máximo esse modelo de pele em grau cirúrgico da SutureSkin!" Estou apaixonada e ja quero gravar e postar todos os meus treinos!"